Cidades da Costa Verde: uma viagem pelo caminho do ouro

Conhecida por fazerem parte do Caminho do Ouro (uma estrada com quase 1700 km de extensão que passa por 3 Estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo); Mangaratiba, Angra dos Reis, Itaguaí e Paraty estão localizadas na Costa Verde do Rio de Janeiro e tiveram grande importância para o país durante o Brasil Império.

Por suas ruas e estradas foram transportados, recebidos e enviados produtos de diversos lugares do mundo e, no auge da mineração de ouro e do ciclo cafeeiro, viveram seu auge econômico.

Após um período de recessão, se reergueram, tornando-se destinos turísticos por suas belezas naturais e preservação histórica.

Quer se juntar aos milhares de viajantes que visitam essa região todos os anos? Leia nossas dicas!

Mangaratiba

Foto, durante o dia, de rochas no mar de praia de Mangaratiba.
Foto, durante o dia, de rochas no mar de praia de Mangaratiba.

Assim como quase todos os municípios fluminenses, a história e crescimento econômico de Mangaratiba foi marcada pela escravatura e mercadorias advindas de várias regiões do Brasil e do mundo passavam por seus portos e estradas.

Com a expansão cafeeira, tornou-se uma das principais rotas de escoamento do produto. E por a produção ser tão grande, D. Pedro II ordenou a abertura de uma estrada mais larga, que foi denominada “Estrada Imperial”.

Mesmo assim, as dificuldades de transporte continuaram, e aumentaram, até a inauguração da Estrada de Ferro D. Pedro II, ligando o Rio de Janeiro ao Vale do Paraíba, na segunda metade do século XIX. Fator que, junto com a abolição da escravidão, fizeram com que o comércio minguasse na região.

Foi somente em 1914, com a chegada da primeira locomotiva à Mangaratiba, que iniciou-se a recuperação econômica. A Estrada Rio-Santos, grandes empreendimentos hoteleiros e os passeios de escuna consolidaram o destino como rota turística.

Hoje, destacam-se, entre os atrativos culturais do período imperial, a Igreja Nossa Senhora da Guia, em estilo rococó e barroco; o Solar do Barão de Sahy, casarão neoclássico e as Ruí­nas Imperiais do Povoado do Saco.

Já as hospedagens mais indicadas em Mangaratiba são o Portobello Resort & Safari, Hotel Porto Marina Rede Mont Blanc e Hotel Porto Real Resort.

Angra dos Reis

Foto, durante dia ensolarado, de barcos atracados no mar de Angra dos Reis.
Foto, durante dia ensolarado, de barcos atracados no mar de Angra dos Reis.

Caracterizada por uma costa privilegiada e centenas de ilhas, Angra dos Reis sempre serviu às propostas econômicas de diferentes períodos da história brasileira. Sua primeira atividade econômica foi entreposto comercial, pois encontrava-se no meio das Vilas de S. Vicente e S. Sebastião do Rio de Janeiro.

O “boom” de seu desenvolvimento econômico aconteceu no século XIX, quando tornou-se um posto para o recebimento de escravos e de envio do café produzido no Vale do Paraíba.

Durante o Brasil Império, foi marcada também por ser uma das regiões da Costa Verde mais visitadas por D. Pedro II e sua família – publicações de jornais da época registraram quatro visitas. Na primeira delas, em 1863, foi ordenada a construção do Chafariz da Saudade, localizado na Praça Codrato de Vilhena (ou Praça do Papão).

A última visita do Imperador aconteceu em 1889, já após a Proclamação da República, para embarcar no navio que o levou e todos os membros imperiais para o exílio.

Na segunda metade do século XIX, Angra dos Reis foi diretamente afetada por três mudanças: a construção da Estrada de Ferro que ligava o Rio de Janeiro à São Paulo, a decadência da produção do café e a abolição da escravatura.

Na década de 30, um ramal ferroviário ligando a Estrada de Ferro D. Pedro II à cidade faz com que o porto seja novamente utilizado. Nos anos 70, instalam-se as Usinas Angra I e II e é inaugurada a Rio-Santos. Todas essas transformações fomentaram, finalmente, a melhora da economia e trouxeram grandes investimentos, fazendo com o que o turismo crescesse.

Em seu Centro Histórico, estão a Ermida do Senhor do Bonfim, o Convento de São Bernardino, a Capela de São Francisco da Penitência, o Museu de Arte Sacra e o Teatro Municipal, além da Vila de Mambucaba composta, majoritariamente, por edifícios históricos.

Ao visitar Angra dos Reis, os visitantes podem se hospedar na Pousada Vitorino, Papiro Hotel Boutique e Restaurante, no Mercure Angra dos Reis e na Pousada e Mergulho Jamanta.

Itaguaí

Foto, durante o dia, de barcos no mar de Itaguaí, passando em frente a montanha.
Foto, durante o dia, de barcos no mar de Itaguaí, passando em frente a montanha.

O desenvolvimento de Itaguaí, assim como o de outras cidades da Costa Verde do Rio de Janeiro, está intimamente ligado ao período imperial do Brasil. 

Seu povoamento começou em 1688, mas só com o início da construção da Estrada Real, no século XVII, é que o desenvolvimento começou a acontecer de forma mais acelerada. 

Essa importante via terrestre foi a forma encontrada de transportar produtos e riquezas do interior, partindo da Fazenda Santa Cruz, evitando os perigos dos piratas e corsários. Assim, era utilizada por tropeiros, comerciantes, aventureiros e viajantes, que queriam alcançar as minas localizadas em São Paulo e Minas Gerais em busca de ouro.

Também é por onde passava toda a comitiva do Imperador D. Pedro II, para chegar a essas regiões. Inclusive, para visitar São Paulo, e realizar a proclamação da Independência, o monarca passou por Itaguaí.

Com o esvaziamento dos portos e todos os outros problemas econômicos que afetaram a região, a cidade foi duramente abalada, perdendo suas principais fontes de movimentação econômica. 

No fim da década de 30 houve uma grande afluência de imigrantes japoneses vindos de São Paulo, que trouxeram novas tecnologias e contribuíram para o reaquecimento da economia. Em 1960, instalaram-se grandes fábricas, como Ingá Mercantil e Nuclep. Atualmente, o porto traz grande prosperidade para a região, com estaleiros civis e militares. 

Fazem parte do roteiro histórico e cultural de Itaguaí a Estrada Real, o Posto da Guarda Imperial, o Chafariz, a Igreja Matriz de São Francisco Xavier, o Forte do Raio e as Ruínas do Porto e da Aldeia.

Para a estadia na cidade, as hospedagens mais indicadas são o Tulip Inn Itaguai, a Pousada Palmeira Real, a Pousada La Brisa e o Hotel Caminho da Costa Verde.

Paraty

Foto, durante o dia, de casarões brancos, com portas e janelas coloridas, em rua de pedras em Paraty.
Foto, durante o dia, de casarões brancos, com portas e janelas coloridas, em rua de pedras em Paraty.

A mais famosa entre as cidades da Costa Verde é Paraty, que começa sua história entre os anos de 1540 e 1600, nesta época parte de Angra dos Reis.

Em 1660 surge um movimento político com o objetivo de separar as duas e em 1667 o objetivo é atingido, tornando-a a primeira cidade brasileira a ter sua autonomia política decidida por escolha popular. A partir disso, a  extração do ouro fez com que a população rapidamente aumentasse, trazendo a criação de uma economia própria.

Porém, no século XVIII, há a queda nesse tipo de extração, e a cidade perde um pouco de sua importância. Mas a partir do século XIX, o ciclo cafeeiro restabelece a glória, já que grande parte do café era escoado por seu porto.

Esse crescimento econômico foi apoiado pela produção de cana-de açúcar e da cachaça, fazendo com que a cidade ganhasse fama, também, pela sua excelente “pinga”, produzida até hoje.

A partir de 1870, a decadência dos grandes cafezais, a abolição da escravidão e a inauguração da estrada ferroviária tornou Paraty praticamente uma cidade fantasma – dos seus mais de 16.000 moradores à época, sobraram aproximadamente 600 pessoas, após o grande êxodo em busca de melhores oportunidades.

Enquanto outras cidades se modernizam, Paraty continuou sendo de difícil acesso. Existiam somente duas opções: de barco, através de Angra dos Reis, ou por estrada de terra saindo de Cunha, que não comportava o movimento e ficava intransitável nos períodos de chuva. Esses fatores contribuíram para que seus edifícios e ruas históricas, além de costumes e cultura, fossem preservados.

Foi somente após a Rio-Santos ser construída, nos anos 70, que Paraty começou a desenvolver seu potencial turístico, sendo admirada nacionalmente e internacionalmente por suas belezas naturais e preservação histórica. Em 2019, ela foi reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Destacam-se, entre vários de seus pontos turísticos, a Estrada do Caminho do Ouro, a Igreja da Santa Rita, o Forte Defensor Perpétuo, o Chafariz da Pedreira, a Antiga Cadeia e o Cais de Paraty.

Para se hospedar, existem também diversos edifícios históricos dos séculos XVIII e XIX, como a Pousada Porto Imperial, a Pousada do Cais e a Casa Turquesa.